segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Vice-prefeito de Mossoró oficializa rompimento político com o prefeito Francisco José Júnior
Luiz Carlos faz duras críticas à gestão de Francisco José Júnior (Foto: Guilherme Ricarte)
O que parecia inevitável, veio à tona no início da noite desta
segunda-feira, 14. O vice-prefeito de Mossoró, Luiz Carlos Mendonça Martins
(PT), oficializou por meio de carta à população mossoroense, o rompimento
político com o prefeito Francisco José Júnior (PSD).
Na carta, Luiz Carlos esclarece os motivos pelos quais decidiu
se distanciar do Palácio da Resistência.
Leia:
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.”
(Carlos Drummond de Andrade)
Aos/as Mossoroenses,
Na condição de Vice-Prefeito de Mossoró, venho a público
reafirmar nosso distanciamento político e administrativo diante à condução da
gestão do Prefeito Silveira Júnior, que ao optar por um modelo de gestão
centralizadora e indiferente as demandas sociais da cidade, assume uma feição
autoritária na relação com os mais diversos segmentos sociais e se mostrou
incapaz, ao longo do curto mandato, de manter uma relação institucional e
respeitosa com a Vice-Prefeitura. Ademais, destacamos ainda a falta de
transparência dos atos do Executivo e ausência de uma agenda política e
programática capaz de enfrentar a crise econômica e administrativa, bem como o
quadro de insolvência que o município vivencia.
Nestes trinta anos de vida pública, sempre pautei minha
conduta com seriedade, respeito e transparência. Mossoró inteira conhece as
minhas concepções de manter-me fiel aos meus princípios cristãos, éticos e
políticos.
Exerci mandato de vereador em três Legislaturas e fui
alçado à condição de Vice-Prefeito, por consequência da cassação justa e
inquestionável da Prefeita eleita em 2012. Atendi prontamente a indicação do meu
partido, o PT, e também o convite do então Prefeito Interino Silveira Junior.
Mas atendi, sobretudo, a necessidade da minha cidade que vivia momento de
instabilidade institucional e exigia dos seus cidadãos e cidadãs espírito
público. Renunciei ao mandato de vereador e me coloquei à disposição de uma
gestão, que se iniciava com amplo apoio popular e esperança de uma nova cultura
política na gestão da cidade.
Os fatos subsequentes ao ato de posse foram marcados por
tratativa nada aceitável para um Vice-Prefeito, que não almejava um emprego,
pois já era professor aposentado da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte e exercia o mandato de Vereador. Apresentamos ideias e propostas galgadas
na concepção construída ao longo da nossa militância. Mas todos os sinais da
gestão iam de encontro aos nossos princípios. Veio o desconforto quando cobramos
mudança de rumo da gestão.
Ao tomar posse na condição de Vice-Prefeito, passei dois
meses sem gabinete e nenhuma assessoria/servidores. Em seguida, ocupei por mais
de um ano, juntamente com meus assessores, uma sala cedida pela Controladoria do
Município, no edifício Rômulo Negreiros.
Somente, no mês de setembro de 2015, portanto, dezoito
meses do exercício da função pública, que me foi outorgada pela vontade soberana
do povo, a Vice-Prefeitura passou, mesmo sem identificação visual, a ter
endereço. Contudo, sem a mínima estrutura para dar cumprimento às prerrogativas
institucionais e que espero não serem revogadas por decisão do Senhor Prefeito,
a exemplo do que vem ocorrendo unilateralmente com pessoas, que dividem comigo
responsabilidades e compromissos em bem servir ao Povo de Mossoró, através das
ações e iniciativas, dentre as quais destaco, o projeto Escuta popular, Fórum
Pensando Mossoró, GT Orçamento Democrático, efetiva participação nas
Conferências Municipais, posicionamento público em todos os momentos de impasses
em defesa dos direitos dos estudantes, servidores municipais e terceirizados,
categorias dos camelôs e taxistas, dentre outros.
Diante destas responsabilidades, manifesto meu compromisso
na defesa dos interesses da cidade, reafirmando a agenda de trabalho que tenho
executado com minha assessoria e o posicionamento político programático assumido
publicamente em relação à gestão, que por não se coadunar com o modelo de gestão
pública pelo qual lutei e pedi respeitosamente o voto de cada mosssoroense, não
é mais merecedora do meu apoio.
Fizemos uma escolha que não nos restam dúvidas: Entre uma
gestão calcada em métodos antidemocráticos, na falta de transparência com os
recursos públicos e na falta de respeito à centenas de trabalhadores e
trabalhadoras, assumimos manter nossa trajetória de compromisso com as classes
populares.
Por último, quero manifestar o meu irrestrito apoio e
solidariedade à toda minha assessoria, que vem sendo vítima de retaliação pelo
Executivo, o que se caracteriza em ato de absoluto desrespeito às prerrogativas
e à autonomia de gestão que o Vice-Prefeito exerce constitucionalmente e sobre a
qual, ao nosso entender não cabe ingerência unilateral do Chefe do Executivo. Ao
incidir sobre as minhas prerrogativas, esquece o Senhor Prefeito de zelar pelas
de si próprio, o que, aliás, reflete de forma velada o descompasso dos seus
atos com as reais necessidades da população e a sua opção em perpetuar uma
agenda política reprodutora dos costumes e vícios que marcam a administração
pública de Mossoró.
Mossoró, 14 de Dezembro de 2015.
Luiz Carlos de Mendonça Martins
Vice-Prefeito
Marcadores:Política
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Quem sou eu
- Luciano Oliveira
- Jornalista do jornal O Mossoroense, redator do noticiário matinal “Costa Branca em Notícias”, da Rádio Costa Branca – FM 104,3 de Areia Branca (RN), onde aos domingos apresenta o programa de variedades “Domingão da 104”
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