Fala, Memória: Madureira, Ypiranga, Felinto e as recordações dos craques no passado
Na sexta-feira, 30, foi enterrado mais um ilustre filho da terra, que além de prestar serviços por décadas como servidor do município, ainda deixou seu nome grafado como craque do futebol no passado, cujas peripécias com a bola o tempo tratou de imortalizar. Felinto Azevedo Júnior (em foto recente com a neta Thaisinha Melo) morreu, mas dificilmente será esquecido pelos que aprenderam a admirá-lo pelo bom homem e exemplo de vida que deixa para os seus familiares.
O blog presta uma singela homenagem ao saudoso Felinto, publicando textos de Antônio Fernando Miranda e Othon Souza (extraídos do blog www.areiabranca.wordpress.com) sobre os times que encantaram, na época (Madureira e Ypiranga), pelos quais passaram Felinto e seus irmãos. Os registros apontam que Felinto jogou muita bola como quarto zagueiro. Vale a pena ler de novo.
Madureira cheio de glória
· Antônio Fernando Miranda
No final da década de 1940 para inicio da de 1950, o futebol areia-branquense foi representado com muito orgulho, pelo Madureira. O seu presidente, senhor Antônio Noronha, muito contribuiu para o sucesso do clube. Acredito que se necessário fosse, ele daria a vida pelo Madureira. Jogadores memoráveis estão na lembrança dos que os viram jogar. Zé de maninha, os irmãos Dadim e Afonso de Bagaé, Dico, João saruê, Amauri, Toinho de Amaro Duarte, Zé de Selé, Toinho de Leônidas, Chico de Amaro besouro, Louro, “fuzarca”, Chico amarelinho, Zequinha melado e tantos outros. Esta citação é aleatória. Desses, fora os dois matusaléns (Toinho de Leônidas e Louro), os demais, creio que sejam de saudosa memória.
Algumas vezes, esse time foi reforçado por Valeriano e Dequinha (de Mossoró), que tempos depois brilhou no flamengo, e que foi convocado para a seleção brasileira de 1954.
Com a extinção do Madureira e a aparição do Ypiranga, surgiram novos craques como os irmãos Luiz, Felinto e Dedé, Zé de Cadinha, Lourinho, Zumeira, Marieta, Dedeca de Quinca Simeão, Queca, Tristão, Zé de Isaura, Agostinho, Charuto, Amaro Carapeba, Barbosinha e tantos outros.
Na época do Madureira, para ser bom goleiro, era necessário “ensacar a bola”, (segura-la com firmeza), e não “bater roupa”, (espalmar), como é comum no futebol atual. Zé de Maninha foi um grande “ensacador”. Eu o comparava ao grande goleiro vascaíno Barbosa, com as suas defesas magistrais. Faz-se necessário, também, recordar as jogadas geniais de Louro, as bicicletas de Toinho de Leônidas, que guardadas as devidas proporções, como gosta de dizer Francisco Rodrigues da Costa (Chico de Neco Carteiro), nada ficava a dever com as do grande Leônidas da Silva, a quem se credita ser o inventor de tal jogada. Sobre este (Toinho), lembro-me de uma vitoria apertada, sobre o União de Mossoró, cujo único gol, foi de sua autoria, e de bicicleta!
As jogadas precisas de Chico de Amaro que sempre terminavam em gol, os cruzamentos certeiros vindos da ponta direita feitos por Zé de Selé. Os passes de calcanhar de Fuzarca, na ponta esquerda, merecem ser relembrado, isto porque, muito antes de Sócrates mostrar para o mundo através da mídia os seus passes de calcanhar, nós em Areia Branca já vibrávamos com os de Fuzarca. Na página 117 do seu livro “Saudades”, Francisco Rodrigues da Costa (Chico de Neco Carteiro) relembra este fato. A linha do Madureira formada por Zé de Selé, Toinho de Leônidas, Chico de Amaro, Louro e Fuzarca, era simplesmente arrasadora.
Os seus atacantes tinham grande mobilidade, graças também a sua excelente linha defensiva. Se no Santos existiu a famosa tabelinha Pelé x Coutinho, no Madureira existiu muito antes do Santos, a tabelinha Toinho de Leônidas – Chico de Amaro – Louro, para desespero dos goleiros adversários. Esta tabelinha é confirmada pelo ultimo verso da musica que Zé de Frederico fez, após vitória do Madureira sobre o potiguar.
Como o Madureira tinha bons jogadores, é claro que tinha também inúmeros torcedores. Dois deles ficaram gravados na minha memória, pelas suas maneiras de torcerem: Seu Avelino, irmão de Raimundo e Luiz Mariano, e padre Ismar (todos de saudosa memória). Seu Avelino, quando os atacantes do Madureira estavam próximo ao gol adversário, ele na ânsia de ver o gol concretizado, chutava o vento como se fosse a bola, e ai daquele que estivesse à sua frente, pois recebia um certíssimo chute. E padre Ismar, que após a concretização de um gol no time adversário, dava pulos de alegria, e pulando, suspendia a batina ate a cabeça gritando gooool!!! Era uma emoção total.
Desde 1950 sou vascaíno, ano em que o Vasco da Gama foi a base da seleção brasileira, quando forneceu 8 jogadores do seu plantel. Eu associava a maneira de alguns jogadores local, aos grandes astros do Vasco da Gama. Assim, entre outros, Zé de Maninha era Barbosa, Amauri Trajano e posteriormente Felinto, eram Danilo Alvim, Dadim e Afonso de Bagaé eram Augusto e Haroldo, Zé de Selé era Friaça, Chico de Amaro era Ademir, o Queixada, Louro era Maneca e Fuzarca era Chico.
Ypiranga Centro Areia-branquense
· Othon Souza
Quando ainda eu não era nascido, nos primeiros anos da década de 1950, o Ypiranga foi um dos times de futebol de grande prestígio em Areia Branca. Os jogos eram realizados no Campo da Saudade, local vizinho ao cemitério público, que hoje é área pertencente à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern). Os saudosistas me falaram sobre o timaço que abrilhantou aquela década. Pouco importa se eu não o vi jogar, o interessante é que ele veio e deixou sua marca e saudades.
Os craques do Ypiranga, a partir da esquerda, em pé: Felinto, Tristão, Dedeca de Quinca Simeão, Louro, Toinho Duarte e Zé Maria. Agachados: Zumeira, Queca de Izídio, Pedro Caminhão, Luiz de Felinto, Cadinha e Sapinho
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Quem sou eu
- Luciano Oliveira
- Jornalista do jornal O Mossoroense, redator do noticiário matinal “Costa Branca em Notícias”, da Rádio Costa Branca – FM 104,3 de Areia Branca (RN), onde aos domingos apresenta o programa de variedades “Domingão da 104”
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