Fala, Memória: Stonehenge, a fé, os deuses, a saúde
Tu és pedra...
Complexo monolítico está localizado ao sul da Inglaterra (Foto: National Geographic)
Bernard Cornwell, em seu romance Stonehenge, relata a saga dos homens e mulheres que deram suas vidas na construção do maior, mais bonito e estranho templo até hoje erguido pelo homem, há quatro mil anos. Localizado ao sul da Inglaterra, esse complexo monolítico encerra um enigma tão intrigante quanto o das pirâmides. Algumas pedras chegam a pesar 50 toneladas, e têm cinco metros de altura. Parece que, finalmente, o enigma de Stonehenge (pedras em pé) começa a ser decifrado. Um templo dedicado a Slaol (o deus sol).
As comunidades eram bastante primitivas, e suas preocupações vitais eram agradar aos deuses, oferecendo sacrifícios humanos, providenciando víveres para sua subsistência, cuidando de seus problemas de saúde e construindo templos. Para isto, faziam dos vizinhos seus escravos, e tinham o extermínio do desafeto como marca de respeito e poder. Quanto mais inimigos um guerreiro fosse capaz de matar, mais respeitado e temido. Apesar do modo de vida rudimentar, a feiticeira de Cathallo fez uma cirurgia ortopédica nos ossos da perna em um aspirante a feiticeiro, e o resultado foi muito bom.
O templo de Stonehenge seria construído com pedras trazidas de Sarmennyn, e durante cinco anos as pedras foram transportadas, vencendo mares bravios, rios, atravessando montanhas e vales perigosos. Quando as pedras, finalmente, estavam postas para a construção, o feiticeiro – aquele da cirurgia ortopédica - as rejeitou, por serem pequenas. Ele queria construir um templo como nenhum outro na terra. Um templo para juntar os deuses. Para acabar com as doenças e trazer os mortos de volta a Slaol. Seria um templo para promover a paz, e que ficaria de pé para sempre. Acabar com as doenças, ressuscitar os mortos, trazer na paz, juntar os deuses. Esta era a crença. E se transformou em loucura.
A ideia era construir um templo como nenhum outro na terra
Foi preciso guerrear e vencer Cathallo. As enormes pedras – algumas chegavam a ter a altura de quatro homens - foram, então, transportadas de Cathallo para Ratharryn. E o templo foi construído.
As táticas de guerra tinham um refinamento filosófico invejável. O principal feiticeiro de Ratharryn afirmou: “Os homens acham que a guerra é a aplicação da força, mas não é. A guerra é a aplicação do pensamento, da inteligência”.
Ao feiticeiro mais temido, que andava quase sempre nu, foi perguntado, após bradar, com uma espada na mão, para os guerreiros inimigos, que era um feiticeiro, que podia colocar vermes em suas barrigas, transformar suas entranhas em gosma e fazer seus filhos morrerem em agonia, que golpearia seus olhos com urticárias, transformaria suas barrigas num caldeirão de mijo que queima, e enterraria seus crânios nos buracos de merda:
- Você teria transformado a barriga deles em mijo que queima?
Ele respondeu com serenidade:
- Aprendi uma coisa. Aprendi que a feitiçaria está nos nossos medos, que os nossos medos estão na nossa mente, e que só os deuses são reais.
Um dos mais antigos e conhecidos códigos de conduta da humanidade é o Código de Hamurabi, datado de 1780 a.C., portanto, contemporâneo dos construtores de Stonehenge. Isso nos dá a dimensão do nível de desenvolvimento em que se encontrava o povo da mesopotâmia. Em seu artigo 215, determina: se um médico trata alguém de uma grave ferida com a lanceta de bronze e o cura, ou se ele abre a alguém uma incisão com a lanceta de bronze e o olho é salvo, deverá receber dez siclos.
Milhares deram suas vidas para construir o maior, mais bonito e estranho templo até hoje erguido pelo homem
O Código de Hamurabi foi concebido na grande tradição da mesopotâmia, atual Irã. Este código teve origem mística, pois naquele tempo o poder terreno dos governantes estava associado à divindade. No Museu do Louvre, em Paris, está parte do Código de Hamurabi, e consiste de uma enorme pedra em forma de cone, medindo 2,25 m de altura, 1,60 m de circunferência na parte superior e dois metros na base. Acima do texto está a figura de Shamash, o deus sol. Esse monumento foi encontrado em 1901, na Pérsia. A pedra teria sido levada, possivelmente, porque temiam aquela coluna mais do que as armas do inimigo.
A relação entre templo e cura foi mantida pelos gregos – Epidauro, o monumental templo de Asclépio, o deus da Medicina, as asclépias gregas, onde viveu Hipócrates -, também pelos egípcios – seus deuses frequentemente se envolviam com procedimentos de cura -, e tal relação se mantém até hoje - macumbas, pajelanças, missas de cura e exibicionismos ridículos, teatrais, que misturam expulsões de falsos demônios com curas de paralíticos.
Pedras, templos, deuses, doenças...
E a saúde, onde fica?
Evaldo Alves de Oliveira
Médico e escritor
· Este espaço é exclusivo para o webleitor se expressar por meio de artigo, crônica, poesia e, principalmente, fatos e causos relacionados a Areia Branca. Como também assuntos importantes que rondam o nosso cotidiano. Escreva. Nosso e-mail: aspus.luciano@hotmail.com
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Quem sou eu
- Luciano Oliveira
- Jornalista do jornal O Mossoroense, redator do noticiário matinal “Costa Branca em Notícias”, da Rádio Costa Branca – FM 104,3 de Areia Branca (RN), onde aos domingos apresenta o programa de variedades “Domingão da 104”
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