quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cova onde enterraram vítima do comunismo está abandonada no cemitério da cidade

Cemitério é o lugar onde são sepultados os cadáveres. Mas é também uma fonte de pesquisa, pois é o local onde está enterrada parte da história de uma cidade, de um povo.

IMG0002GMeio aos túmulos uma cruz solitária identifica a cova abandonada onde foi enterrado “Chico Bianor”, assassinado em 34

Ontem, 2, no Cemitério São Sebastião, de Areia Branca, auxiliado pelo sindicalista Francisco Ventura, que nos últimos anos tem se dedicado a um minucioso trabalho de pesquisa sobre pessoas e fatos relacionados ao município, o Blog descobriu uma raridade: uma cova abandonada, onde foi enterrado Francisco Bianor de Souza, “Chico Bianor”, executivo da “Henrique Lage”, companhia salineira e de navegação na época, assassinado em 1934.

Segundo os historiadores, entre eles Deífilo Gurgel em seu livro “Areia Branca – A Terra e a Gente”, a morte de “Chico Bianor” foi decorrente de sua oposição ao movimento comunista deflagrado a partir de Natal.

Com o avanço do Partido Comunista na área do sindicalismo, foi enviado a Mossoró o cearense José Mariano, que residia em Pernambuco. O partido decidiu ampliar suas bases na região, indicando Mariano para atuar em Areia Branca, infiltrado entre os trabalhadores de salinas.

Contam que Mariano enfrentou a oposição ferrenha de “Chico Bianor”, que representava os interesses dos grandes industriais. Era taxado de opressor e apoiava a polícia nas diligências contra os trabalhadores. Daí, criou-se um clima de inimizade entre os dois. “Chico Bianor” apelidava o inimigo de “Burro Preto”, por conta de sua cor escura. E Mariano revidada, o chamando de “Cavalo Pampo”, característica dos cavalos lavrados de branco, cor das manchas que “Chico Bianor” ostentava em sua pele.

O desfecho dessa arenga foi trágico. Numa reunião do partido para discutir a questão, Mariano assumiu o ônus da eliminação de “Chico Bianor”. Assim, na madrugada de 13 de outubro de 1934, véspera de eleições estaduais, Mariano, mais um grupo de cinco operários, invadiram a fazenda de “Chico Bianor” e o fuzilaram à queima-roupa.

CHICO BIANOR No dia seguinte à morte de “Chico Bianor”, foi encontrada uma lista com os nomes de futuras vítimas, entre os quais apreciam Francisco Solon Sobrinho, Francisco Souto, Antônio Lúcio de Góis, “inimigos do comunismo”. Mas de acordo com os escritos da época, a única vítima do comunismo em Areia Branca, foi mesmo “Chico Bianor”.

“Chico Bianor”, vítima do comunismo em Areia Branca

José Mariano teve sua militância no Partido Comunista quase toda na clandestinidade. Usou os nomes de Zé Mariano, Antônio Martins, além do nome de guerra assumido dentro do partido: “Pirajaba”. Foi soldado do exército, tendo participado de uma rebelião. Em João Pessoa (PB), matou um policial integralista, durante um comício. Vendia pão de milho em Mossoró. Foi morto pela polícia em 1936, em Limoeiro do Norte (CE).

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Jornalista do jornal O Mossoroense, redator do noticiário matinal “Costa Branca em Notícias”, da Rádio Costa Branca – FM 104,3 de Areia Branca (RN), onde aos domingos apresenta o programa de variedades “Domingão da 104”

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